O cotidiano do homem está presente no artesanato desde os nossos ancestrais. Por meio da vida comum e da casualidade na rotina, o artesanato representa uma das mais autênticas expressões da identidade de um povo. Um trabalho artesanal que traz consigo traços de exclusividade na criação de cada peça, as características da pessoa envolvida no processo de produção, de forma peculiar.

Este trabalho representa a história, a essência e o significado construído a partir do olhar cotidiano da artesã Dalvanir Justino de Araújo. Indígena da etnia Apurinã, saiu do Amazonas para o Acre, onde descobriu que poderia utilizar toda a arte transmitida por seus antepassados em uma fonte de renda. Percebeu com a convivência com os “brancos” (povos não indígenas) que o artesanato poderia ser utilizado não apenas para consumo próprio.

Começou a produzir peças a partir daquilo que aprendeu quando criança, da arte passada de geração em geração. Sempre no mesmo ritmo, os avós passam aos netos, que repassam aos seus filhos.

O artesanato é um símbolo para que as pessoas não esqueçam que fazem parte de um povo. É um elo permanente com a cultura. É no cotidiano que o artesanato se faz presente, nos passeios, no roçado, nos festivais e nas reuniões, uma fonte inesgotável de inspiração para Dalvanir.

Além de trabalhar nas próprias peças, a artesã auxilia a produção do artesanato de outras mulheres de etnias diferentes. Ela entende que esta atividade é uma forma de preservar a cultura e ajudar com que outras comunidades indígenas descubram que também é possível fazer do artesanato uma fonte de renda.

Sonha com o dia em que terá um espaço de artesanato indígena. Nele o cliente fará a experiência de entrar na história e conversar com a cultura para que, ao comprar um produto, saiba o valor que ele carrega.

(Texto cedido e adaptado do catálogo Sebrae - Artesanato Acreano)